- Stephen Mollah afirmou ser Satoshi Nakamoto em um evento em Londres, mas não conseguiu fornecer provas convincentes.
- Problemas técnicos e declarações sem fundamento frustraram os participantes, inclusive Joe Tidy, da BBC.
Em 31 de outubro, o empresário britânico Stephen Mollah deu um passo à frente, afirmando ser o elusivo criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, em uma coletiva de imprensa realizada no Frontline Club de Londres. Isso ocorreu após a divulgação de um comunicado à imprensa em 30 de outubro que sugeria que Nakamoto seria desmascarado. Esse evento foi anunciado como o maior momento da história que revelaria o verdadeiro inventor do Bitcoin e da tecnologia blockchain.
No entanto, a coletiva de imprensa que contou com a presença do correspondente da BBC News, Joe Tidy, foi bastante desordenada. Tidy revelou despesas adicionais, por exemplo, 500 libras para fazer perguntas, o que lançou dúvidas sobre a natureza da reunião.
A sessão foi iniciada pelo organizador do evento, Charles Anderson, que fez algumas declarações incomuns sobre suas realizações, incluindo “sistemas de recuperação de energia” em carros e o programa “Britain’s Got Talent”. Para aumentar a confusão, um representante do Frontline Club entrou na conversa e declarou que o evento não estava sendo realizado no Frontline Club, fazendo com que pelo menos um jornalista deixasse o evento.
Quando chegou a vez de Mollah apresentar provas, a sessão foi prejudicada por problemas técnicos, pois o laptop dos organizadores não funcionou. Mollah, que se descreveu como um “cientista econômico e monetário”, disse que já havia tentado se desmascarar em 2016. Mas ele diz que essas tentativas foram prejudicadas por fatores externos, como uma entrevista interrompida com Rory Cellan-Jones, da BBC.
Problemas legais surgem por trás do anúncio
As alegações de Mollah de ser Satoshi Nakamoto levantaram suspeitas, especialmente por causa dos problemas legais que ele tem. Em 10 de outubro deste ano, o London Evening Standard declarou que Mollah, 58 anos, e Anderson, 67 anos, foram acusados de fraude. Os promotores acusaram os dois de se passarem por Mollah como Nakamoto e afirmaram que ele tinha 165.000 Bitcoins de Cingapura. Ambos negaram as acusações e devem ser julgados em novembro de 2025 no Inner London Crown Court.
A reação da comunidade de criptomoedas à alegação de Mollah foi de ceticismo. Frases como “Faketoshi”, que se referem a pessoas que fingem ser Nakamoto sem comprovação, voltaram à conversa. O evento foi alvo de críticas na plataforma de mídia social, e muitas pessoas duvidaram da credibilidade do comentário de Mollah.
Outro usuário de um fórum on-line criticou Anderson como um “jornalista” por estar no evento com o organizador e Mollah como uma “fraude”. Mais um comentarista chamou a declaração de Mollah de outro exemplo de uma pessoa que quer estar ligada à ideia de Nakamoto.
Essa não é a primeira vez que alguém aparece afirmando ser o infame criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto, apenas para enfrentar uma reação negativa quando não consegue fornecer provas verificáveis.
Na comunidade Bitcoin, a prova do criador do Bitcoin geralmente inclui assinaturas criptográficas ou movimentação de Bitcoin dos endereços conhecidos de Satoshi. O uso de capturas de tela e promessas vazias por Mollah não atende a esses padrões e só pode ser visto como mais um caso de tentativa de chamar a atenção.