- A Tepco do Japão, que é a quarta maior empresa de energia elétrica do mundo, está se aventurando na mineração de Bitcoin com energia verde.
- A Tepco pretende usar milhares de gigawatts de eletricidade que, de outra forma, seriam potencialmente desperdiçados, já que a capacidade do Japão de produzir energia verde excede o fornecimento nos horários de pico.
A Tokyo Electric Power Company (Tepco) do Japão está mergulhando na mineração de Bitcoin e está usando energia renovável.
A Tepco é a maior empresa de serviços públicos de eletricidade do Japão e a quarta maior do mundo, depois da RWE e da E.ON da Alemanha, bem como da Électricité de France da França. Uma reportagem do jornal local Asahi Shimbun revelou que a empresa está se aventurando na mineração de Bitcoin por meio da Agile Energy X, uma subsidiária integral criada em 2018.
A iniciativa é liderada pelo executivo de longa data da Tepco, Kenji Tateiwa. Em uma entrevista ao jornal, Tateiwa revelou que a ideia surgiu para ele como uma solução viável para o “controle de produção” do Japão, em que as empresas de serviços públicos incentivam os geradores de energia a limitar a produção para não sobrecarregar a rede. Ao contrário da energia não renovável, a energia verde pode ser imprevisível e sazonal; por exemplo, os painéis solares produzem a maior quantidade de energia ao meio-dia e ficam inativos à noite, enquanto as turbinas eólicas só ficam ativas quando há ventos fortes.
Para combater o excesso de produção, a maioria das operadoras de rede no Japão limita a produção dos produtores durante esses períodos de pico de produção. Isso faz com que muita infraestrutura fique ociosa, esperando para ser utilizada.
Tateiwa quer capitalizar essa energia potencialmente desperdiçada para minerar Bitcoin e acredita que o efeito cascata pode ser um maior investimento em energia verde.
“O que estamos fazendo tem poucos paralelos no Japão. O sucesso de nossa estrutura levaria à introdução de mais energia verde”, afirmou ao jornal.
Mineração de Bitcoin por energia verde
Tateiwa não é o primeiro a visar a mineração de Bitcoin com energia “desperdiçada”. Os mineradores dos EUA têm utilizado essa energia não utilizada ou subproduzida para minerar a moeda digital. Em alguns lugares, como o Texas, os mineradores solicitam à operadora da rede elétrica que interrompa a mineração sempre que necessário, para que a energia possa ser canalizada para necessidades mais urgentes, como o aquecimento de residências durante o inverno (embora isso tenha se mostrado controverso em locais como o Texas, pois a operadora da rede elétrica acaba pagando pelo tempo de inatividade).
No Japão, a Tateiwa acredita que o potencial é de bilhões de dólares. De acordo com uma pesquisa do jornal Asahi Shimbun, o Japão suprimiu a produção de 1.920 gigawatts-hora de eletricidade somente no ano passado.
Essa é apenas a ponta do iceberg: o governo japonês tem como meta a neutralidade de carbono até 2050 e quer que a energia verde supra 60% das necessidades do país. Sob essa configuração, a quantidade de energia potencialmente desperdiçada está próxima de 240.000 gigawatts-hora por ano.
Nessas condições, até mesmo a utilização de um décimo dessa eletricidade poderia permitir que a Tepco extraísse BTC no valor de US$ 2,5 bilhões, estima Tateiwa.
Enquanto isso, o BTC é negociado a US$ 57.170, ganhando 3,3% ao liderar uma recuperação mais ampla que elevou a capitalização de mercado geral do setor acima de US$ 2 trilhões.